A JORNADA BA’STEIRO

Nascida em família simples, com ambições de viver de forma abundante e plena, desde cedo compreendeu enganosamente que se quisesse algo na vida, deveria buscar. Tudo seguia sem grandes emoções, mas tinha muitos sonhos. Ansiedade de fazer logo, desejo de realizar para que tudo ficasse bem, uma incomodação no sentir, uma inquietude interior e um estado de pressa estavam sempre junto. Pouco sabia da vida, muito jovem se lançou ao mundo e aprendeu na prática como as coisas funcionam. Não tinha a mínima noção sobre as Leis da Vida, nem sobre as Leis do Amor e nem o quanto essas leis simplesmente seguem o curso natural. Muito criou, trabalhou, executou, ou seja, muito foi feito e um belo dia sentiu que estava onde sempre sonhou. Mas então chegou lá e percebeu que não era nada disso que verdadeiramente buscava. A infelicidade tomou conta, sentimento de vazio, tristeza e descontentamento. Pensou consigo: A vida não pode ser só isso!

Bem, de fato a vida não seria só isso. Mas os compromissos assumidos, era necessário seguir, suportar, tentar de alguma forma encontrar valor nisso, que era sua vida então. Quanto mais buscava ajeitar e viver a Lei dos Homens, mais emaranhada ficava. Quanto mais ansiava por liberdade, mais sufocada e presa se sentia. Sem coragem, sem orientação e sem apoio para seguir seu coração, se via só e sem recursos.

O coração fala tão baixo. E no emaranhado de leis de todo tipo, não via mais sentido algum em seguir o caminho que estava. Mas como voltar, para onde ir, o que fazer, como ter coragem de viver o novo, sem garantias. “Agir com o coração e não olhar para as consequências”. Essa frase é mesmo linda, contudo, coloca-la em prática é desafiador. Inicia-se então um processo de descoberta, abre-se uma oportunidade e descobre-se mais um pouco do mundo, havia beleza; abre outra oportunidade e encontra um professor que lhe explica alguns princípios que simplesmente são, não perguntam se podem ou não; começa a entender que as suas decisões passadas não foram as melhores e agora haveria uma colheita da qual, lamentava. Plantou em completo desequilíbrio, apoiada em valores enganados, ferramentas erradas e todo trabalho não traria bom resultado, contudo, como toda vida, tem a sua beleza, mas foi árduo, sofrido e os tempos que se aproximavam, só traziam mais disso.

           Lamentou por muito tempo, se prendeu na reclamação, desviou o foco. Sentia um desvalor absoluto e isso tudo refletindo na sua vida, com relações complicadas, emaranhados, ilusões, desejos enganados, uma sequência de eventos negativos e muito medo. Precisou aprender sobre resiliência, gratidão, confiança e novos hábitos. Desenvolver esse novo olhar para a vida requer muita disciplina e no turbilhão que estava, não conseguia ter clareza. Tudo era muito difícil, uma carga pesada, perdida no fluxo, olhando para trás, caminhando de costas, presa em crenças, bloqueios e fazendo muita força para tudo seguir. Mas, para quem está disposto, é resiliente e se movimenta, a vida vai trazendo novas ordens e reajusta toda a confusão no melhor que pode em cada momento, e assim se fez, abrindo novos caminhos em visão progressiva, ou seja, conforme caminha o caminho se abre. Desenvolvendo novas habilidades, foi tendo clareza do seu propósito e percebeu que era preciso então fazer mais por si e pelos que estavam ao seu lado.

Liberdade, foi o seu primeiro instinto. Parece que não temos saída, mas desenvolver mansidão, amabilidade e autodomínio são escolhas que fazemos, por isso entendeu que sim, era livre para se permitir ficar na lamentação ou fazer o melhor que podia com o que estava então disponível na sua vida. Puxa vida, esse foi um grande passo! Perceber essa consciência lhe trouxe mais coragem para sair do estado de desenganada para o estado de poder. Sentiu-se feliz com sua primeira aventura consciente. Compreendeu que era necessária maior disciplina e mais foco em autoconhecimento. A consciência é a chave para sair do labirinto de uma vida deseducada, embasada em valores enganados.

Muitos desafios ainda atropelavam o dia-a-dia e seu segundo passo foi trabalhar em si o Amor. Por muitas vezes sentiu-se sozinha. Como o Amor traz primeiro a solidão... Surpreendeu-se. Existem aqui alguns mistérios, porque esse amor não poderia ter condições. Ser assim como o Amor de Deus, incondicional. O ambiente agressivo e ainda pouco favorável para desenvolver as melhores situações, contudo, lembra da resiliência? Trabalhou em si esse novo fruto que nasceu, aceitando-o como aconteceu, da forma que se apresentou amou, sem julgamentos, críticas ou comparações. Seguiu sua jornada. Com as situações lentamente se ajustando, houveram muitos momentos de apoio mútuo.

Muitos são os nomes envolvidos nesse reajuste, cada qual colaborando positivamente ao seu modo. Bem, coisas acontecem o tempo todo e no meio desses acontecimentos nasce um novo impulso: É preciso viver com Alegria. E para realizar isso, para que esse sentir se tornasse completo, começou a prestar atenção nisso e trazer mais disso para a sua vida. Não falamos de euforia, muito pelo contrário, falamos de silêncio, serenidade, algo genuíno que é um estado de ser; imbuído de paz e perfeição, seja o cenário qual for. Eis a questão.

Viver em harmonia nesse mundo acelerado é desafiador. Trazer para o dia-a-dia um estado de presença tamanho que não consiga sentir outra coisa além de gratidão pela vida. Não importa se está em um bom momento ou se está em um mau momento. Tudo nessa vida passa. Preservar é importante, viver com alegria também é. Por isso que a Ba’steiro questiona o mundo, questiona a cultura e busca resgatar e dar destaque para o que há de mais belo e essencial ao humano. Conta a história dando ênfase ao que de fato sente ser importante. Esse olhar para nosso servir trouxe à vida outro momento, buscar Sabedoria ou perceber-se sábio.

          Esses assuntos parecem desinteressar a maioria das pessoas, porque o mundo tem mesmo muitos atrativos, são tantas as distrações, os vícios, os desejos, as tentações. Todavia, chega um certo momento na vida que despertamos para algo que sempre esteve em nós. Mas o coração fala mesmo muito baixo e na nossa educação, o sentir foi completamente podado. Permitir que renasça esse sentir em nós, nos torna de fato seres humanos. Aprender a ouvir o coração e fazer dele a nossa bússola é o nosso objetivo, ensinar as pessoas isso, é a nossa meta. E então nos damos conta do que verdadeiramente buscamos, saímos da roda das ilusões e fincamos nossos pés na rocha para que a construção seja forte. Algumas sementes nascem conosco, interpretamos os acontecimentos de forma pessoal, sob nosso ponto de vista lapidado pelo ambiente que estamos e se permitir perceber que nem sempre as nossas crenças são grandes verdades é libertador. Amar a vida que temos e fazer o melhor que podemos é nosso dever como pessoas. Alimentando um novo olhar, milagres acontecem. A alegria se instala onde antes só se ouvia falar disso e faz morada trazendo consigo mais compreensão, completude e unidade com Deus.

           Com a mente ordenada e o coração purificado, a vida acontece em perfeita sincronia. Pelos motivos certos, com foco no bom, no belo e no justo a sequencia de eventos vem trazer confiança, não importa se não atendem a expectativa, eles são o que são e isso basta, pois para aquele que se rende ao mistério e pratica a ação correta tudo vem, não é necessário buscar nada.

            Repita comigo: EU SOU BA'STEIRO!

Por Morgana Trevizan,

Fundadora Ba'steiro.